A Microsoft está tentando acalmar os ânimos na Europa, garantindo sua capacidade de resistir a pressões do governo americano. Mas será que a Europa está convencida? Vamos mergulhar nesse assunto e descobrir!
A Declaração da Microsoft e as Dúvidas Europeias
Recentemente, a Microsoft divulgou um comunicado tentando convencer líderes de TI globais, especialmente na Europa, de que ainda é confiável. A declaração surge como resposta à crescente preferência europeia por empresas de tecnologia que não sejam americanas. A preocupação europeia se deve a tarifas americanas, tarifas de retaliação da União Europeia (UE) e temores sobre ações que empresas americanas poderiam ser forçadas a tomar pelo governo dos EUA, influenciadas pela politização de liberações de segurança.
Na declaração, o vice-presidente e presidente da Microsoft, Brad Smith, destacou o compromisso da empresa com a Europa, ressaltando seu respeito aos valores europeus, cumprimento das leis e defesa da segurança cibernética do continente. A Microsoft prometeu estabilidade digital em tempos de volatilidade geopolítica.
Aumento da Capacidade Europeia
Como demonstração de compromisso, a Microsoft anunciou planos para aumentar em 40% sua capacidade de data centers na Europa nos próximos dois anos. Haverá expansão em 16 países, mais que dobrando a capacidade total entre 2023 e 2027, resultando em operações em mais de 200 data centers no continente. A empresa acredita que essa expansão impulsionará o crescimento econômico e a competitividade europeia, considerando a inteligência artificial um importante motor de inovação e produtividade.
A Questão da Lealdade: Europa x EUA
Apesar dos esforços de Smith em assegurar a independência da Microsoft, analistas europeus demonstraram ceticismo. Michela Menting, diretora de pesquisa de segurança digital da ABI Research, alertou que, mesmo com a capacidade de litigar, a Microsoft não consegue garantir a manutenção de suas relações europeias se o governo americano exigir algo.
Pascal Matzke, vice-presidente e diretor de pesquisa da Forrester, foi mais direto, questionando onde reside a lealdade da Microsoft: no governo americano ou em seus clientes europeus? Ele temeu que, sob pressão, a empresa priorizasse o governo dos EUA.
Ansiedade e Interdependência
A integração da infraestrutura tecnológica europeia com gigantes americanos como a Microsoft gera uma grande ansiedade. A possibilidade de tarifas de retaliação e de uma espiral de conflitos comerciais ameaça a colaboração existente. Matzke argumenta que a dependência de tecnologia americana criou uma situação difícil, com medo de perder a inovação caso se tente romper essa ligação. Ele acredita que uma separação total é ilusória, pois a interdependência global é uma realidade.
Phil Brunkard, consultor executivo do Info-Tech Research Group, observou que a promessa de aumento da capacidade de data centers é impressionante, mas o real destaque é o “Compromisso de Resiliência Digital”. Ele notou que a Microsoft se comprometeu a lutar judicialmente contra qualquer ordem estrangeira para interromper suas operações de nuvem na UE. Entretanto, Brunkard ressalta que auditorias e regulamentações futuras serão cruciais para verificar essa segurança. A promessa de obediência à legislação europeia é um começo, mas não garante a solução completa de todos os problemas.
É Suficiente? As Dúvidas Persistem
Apesar das declarações da Microsoft, dúvidas ainda persistem. A implementação do Instrumento Anti-Coerção (ACI) da UE pode prejudicar as operações da empresa na Europa. Além disso, a forma como a Microsoft declara seus rendimentos na Europa e como gerencia seus impostos também preocupa analistas. A possibilidade de desinvestimento na área ou de manobras fiscais para escapar de impostos levanta questões sobre o real comprometimento da empresa com a autonomia tecnológica europeia.
Em resumo, a Microsoft tentou acalmar os temores europeus, mas a desconfiança permanece. A promessa de aumento de infraestrutura, luta judicial e compromisso com as leis europeias são passos positivos, mas não garantem a total independência da empresa em relação ao governo dos EUA. A interdependência global e os potenciais conflitos geopolíticos continuam a gerar incertezas no futuro da relação entre a Microsoft e a Europa.
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Fonte: Computerworld