Você já se pegou pensando em como um jogo poderia capturar a mesma magia de um clássico atemporal? Prepare-se, porque Clair Obscur: Expedition 33 pode ser justamente isso para a geração atual, um novo Final Fantasy X!
Clair Obscur: Expedition 33 nos entrega uma jornada RPG do tipo que a gente ama. A missão e seus riscos são estabelecidos logo de cara. A presença imponente do Monólito significa que seu objetivo está, literalmente, sempre à vista. Gustave e seus companheiros sabem que as chances de sucesso são pequenas, mas precisam fazer tudo ao seu alcance para avançar e derrotar a Pintora, quebrando o ciclo do Gommage.
A Espiral e a Tela
As semelhanças entre Final Fantasy X e Clair Obscur não são sutis. Um grupo de voluntários parte em uma missão suicida para deter uma catástrofe global recorrente, sabendo que seu sacrifício apenas compra tempo para o futuro. No caso de Yuna, morrer para invocar o Éon Final derrota Sin e concede a Spira alguns anos de Calmaria. Em Expedition 33, a esperança é derrotar a Pintora e parar o Gommage, mas o resultado mais provável é que eles morram na tentativa, facilitando a jornada para a próxima Expedição.
“Para aqueles que virão depois” é uma frase repetida várias vezes pelos membros da Expedição. Uma filosofia assustadora, lembrando os Expedicionários que, mesmo partindo em tal missão, estão se condenando ao fracasso.
Ambos os grupos vivenciam maravilhas e horrores em seus mundos. Eles são obstruídos por alguém que deseja transformar o ciclo mortal em seu próprio benefício e ajudados por um guerreiro imortal e veterano que sabe mais do que deixa transparecer. Há até um membro peludo não-humano em ambos os jogos, cujo poder principal é roubar habilidades inimigas.
Ambos os grupos finalmente conseguem sua missão, mas a Terrível Verdade é revelada e eles precisam enfrentar a verdadeira ameaça: um ser quase divino em quem antes depositavam fé e confiança. Curiosamente, os dois jogos são inversos um do outro neste ponto: Tidus é o único personagem que fica no escuro sobre o destino de Yuna como Invocadora, enquanto Verso é o único que conhece as origens da Pintora e as consequências de sua busca, mas se abstém de contar ao resto da equipe até ser tarde demais.
Au Zanarkand
Claro, seria redutor dizer que Clair Obscur é apenas um Final Fantasy X francês. Ele adota uma abordagem muito diferente ao explorar seus temas de dever e perseverança, e as interações entre os membros da Expedição 33 parecem muito mais humanas. Ninguém tenta forçar risadas diante do Monólito e da desesperança que ele representa.
O caminho de Yuna é traçado por completo, tendo sido percorrido inúmeras vezes antes. Expedition 33, ao contrário, improvisa a partir do momento em que chegam ao Continente. Sua jornada não é um ritual solene, mas uma luta desesperada e organizada contra o destino. Eles são treinados para se adaptar, improvisar e superar qualquer obstáculo, porque não há outra escolha se o povo de Lumiere quiser sobreviver.
Apesar disso, Clair Obscur está sempre disposto a mostrar a humanidade dos Expedicionários. A missão deve vir em primeiro lugar, e isso cobra seu preço em todos enquanto eles enfrentam dificuldades, tragédias e a consciência de que seu fracasso é quase certo. Esses momentos tranquilos no acampamento diferenciam Clair Obscur de sua clara inspiração, que (sendo um título de Final Fantasy) sempre foi maior e mais bombástico.
O Monólito se Ergue
Então, se Clair Obscur tem todos os elementos que fizeram de Final Fantasy X um clássico, ele pode alcançar as mesmas alturas? Um grupo de personagens simpáticos, cada um com estilos de combate distintos, uma história bem construída com uma construção de mundo dolorosamente bela e uma trilha sonora verdadeiramente épica, tudo isso parece sugerir que sim. Claro, Final Fantasy X não estava isento de falhas, e Clair Obscur também não.
Se algum jogo tem o potencial de ser o FF10 dos anos 2020, é Clair Obscur, mas esse não é um julgamento que podemos fazer sem o benefício da retrospectiva. Aos dezoito anos, eu não poderia saber que a última frase de Yuna, “Nunca os esqueça”, enquanto a tela fica preta e uma única vaga-lume flutua, ficaria gravada em minha memória para sempre; o verdadeiro teste do legado de Clair Obscur será como falaremos dele em cinco anos, ou dez, ou vinte e quatro.
A grande reviravolta de Clair Obscur, a verdade escondida que impulsiona o último terço do jogo, muda a natureza da jornada da Expedição 33 de forma tão fundamental que ele deixa de ser o mesmo jogo a partir do momento da grande revelação, mesmo em jogadas subsequentes. Essa é uma grande diferença em relação a Final Fantasy X, onde a reviravolta torna o escopo da missão maior, mantendo sua premissa básica. Mais do que o combate, os personagens ou a trilha sonora, é a reviravolta e suas consequências que definirão o legado da Expedição 33, deixando seu destino, como foi para FF10, nas suas mãos.
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Fonte: The Gamer
