Já imaginou ver a Terra de um jeito que ninguém nunca viu antes? Um bilionário do ramo das criptomoedas, nascido na China, fez exatamente isso, e sua experiência mudou completamente minha visão sobre os voos espaciais. Prepare-se para uma história fascinante!
Acompanho missões espaciais há 25 anos. Vi decoladas de ônibus espaciais, missões Soyuz, os primeiros astronautas chineses em órbita e as viagens comerciais da cápsula Dragon da SpaceX. Até mesmo os pulos suborbitais da Blue Origin e Virgin Galactic entram na conta!
Recentemente, a missão completamente feminina da Blue Origin, com a cantora Katy Perry, chegou às manchetes. Muitos criticaram como um “show de ricos”, mas duas passageiras, Aisha Bowe e Amanda Nguyen, têm histórias inspiradoras.
Uma Imersão Inédita
Mas a história que realmente me marcou envolve Chun Wang, um bilionário chinês de criptomoedas, que financiou uma missão privada da SpaceX chamada Fram2. Nomeada em homenagem ao navio explorador norueguês Fram, a missão tinha um objetivo único: sobrevoar os polos terrestres.
Junto com Chun, estavam Jannicke Mikkelsen (comandante), Rabea Rogge (piloto) e Eric Philips (especialista de missão). O que torna essa jornada especial? A transmissão ao vivo da experiência!
Ao contrário de mensagens planejadas ou fotos editadas da ISS, Chun compartilhou vídeos em tempo real via Starlink, oferecendo uma visão crua e íntima da vida a bordo da Dragon. Vídeos mostrando refeições flutuando, higiene improvisada e a emoção pura ao ver a Terra de uma perspectiva única.
Um vídeo mostra a tripulação abrindo a escotilha para a cúpula, com Mikkelsen e Chun se maravilhando com a visão de Novaya Zemlya e o Ártico. Chun até mesmo compartilhou um detalhe curioso sobre o local: o teste da maior bomba atômica da história.
No terceiro dia, sobrevoando a Flórida, Mikkelsen apontou o próprio local de lançamento. Chun finalizou sua jornada com um vídeo de 30 segundos da queima dos propulsores para a descida, um momento de pura emoção compartilhado instantaneamente.
Lasers em Órbita
Essa transmissão em tempo real foi possível graças à rede Starlink. A Dragon utilizou um terminal “Plug and Plaser”, permitindo velocidades de até 1 gigabit por segundo. Isso é algo fenomenal se comparado aos 4-6 megabits da ISS, representando um salto tecnológico enorme.
A conexão via laser Starlink é mais barata e eficiente que o sistema TDRS da NASA. SpaceX testou a tecnologia com sucesso na missão Polaris Dawn, e planeja disponibilizá-la em futuras missões e estações espaciais comerciais.
A NASA, por sua vez, está em processo de substituir gradualmente o TDRS por redes comerciais. Já existem contratos milionários com diversas empresas, incluindo SpaceX, para que a NASA se torne uma cliente dessas redes.
Nômades Digitais
Diferente das missões científicas tradicionais, Chun e sua equipe usaram a conexão principalmente para videoconferências e mensagens com suas famílias. Chun se questionou se eram a primeira geração de nômades digitais no espaço.
A viagem de quatro dias foi principalmente turística, mas incluiu experimentos científicos, incluindo a primeira radiografia humana no espaço, e a exploração de áreas nunca antes vistas por humanos – o Ártico e o Antártico. Sua visão da Terra, diferente da perspectiva dos satélites, é única e inesquecível.
Chun descreveu a Terra não como uma “bola azul”, mas como um planeta “congelado”. Essa nova perspectiva é um reflexo poderoso da experiência única da Fram2, mudando a forma como percebemos as viagens espaciais e as possibilidades de conectar e compartilhar esses momentos.
Compartilhe suas experiências: o que você acha dessa nova era de exploração espacial e acesso à informação em tempo real?
Fonte: Ars Technica