Será que um Assassin’s Creed “bom o suficiente” é, de fato, suficiente? Com o lançamento de Assassin’s Creed Shadows se aproximando, a expectativa é enorme. O jogo se tornou o centro de uma discussão acalorada, que extrapolou os limites dos videogames e atingiu a cultura como um todo. Mas além disso, representa uma aposta crucial para a Ubisoft, uma empresa que um dia definiu o que são jogos de mundo aberto e agora precisa muito de uma vitória.
A verdade é que, no fundo, Assassin’s Creed Shadows será um jogo Assassin’s Creed. Pode ser uma versão boa, ruim ou mediana, mas será um jogo da franquia. Não apenas pelo nome, mas pelas características clássicas. Haverá momentos divertidos, outros com falhas. Algumas missões serão ótimas, outras cansativas. Você encontrará picos inexplicáveis na história onde terá que realizar tarefas relacionadas ao universo Assassin’s Creed quando só quer jogar Assassin’s Creed. No fim das contas, será um Assassin’s Creed.
Assassin’s Creed Shadows Não Pode Ser Mais do Mesmo
Isso será suficiente? Primeiro, precisamos considerar que não sabemos exatamente a situação financeira da Ubisoft, nem o orçamento total de Shadows e quanto precisa lucrar para reverter o quadro. Mas, dados os repetidos fracassos de seus jogos como serviço, além de Prince of Persia: The Lost Crown, Star Wars Outlaws e Assassin’s Creed Mirage terem ficado abaixo das expectativas, podemos supor que a situação é “ruim” e que Shadows precisa faturar “muito”.
Assassin’s Creed é uma das franquias de videogame mais conhecidas do mundo, e certamente é capaz de faturar “muito”. Em setembro de 2022, a última vez que tivemos uma atualização, a franquia vendeu 200 milhões de cópias. Valhalla, o último jogo principal de grande porte (com Mirage sendo uma interpretação mais “AA”), é responsável por 20 milhões dessas vendas, gerando US$ 1 bilhão em vendas e microtransações. Shadows poderia seguir os mesmos passos.
Mas muitos diriam que Valhalla era apenas “bom o suficiente”. Divertido, com ótimos momentos, mas sem atingir o nível de amor que vemos pela trilogia de Ezio ou pelas aventuras piratas de Black Flag. Cinco anos depois, Shadows pode ser apenas “bom o suficiente” e ter sucesso? Apesar de mecânicas de jogos como serviço se tornarem mais comuns, os jogos para um jogador tendem a receber mais críticas por incluí-las – embora Valhalla tenha recebido algumas na época – e Assassin’s Creed e Ubisoft perderam parte de seu prestígio desde 2020.
Enquanto Valhalla foi simplesmente “O Próximo Assassin’s Creed” e os fãs aceitaram que fizesse muitas das mesmas coisas dos jogos anteriores, há o temor de que Shadows seja “O Último Assassin’s Creed”, e isso traz um tipo diferente de pressão. Esses medos podem ser exagerados – sabemos que o trabalho continua em Assassin’s Creed Hexe – mas existem e mudarão o tom da discussão em torno do jogo, e isso também pode prejudicar as vendas.
Assassin’s Creed Está Preparado para a Guerra Cultural?
Outro fator óbvio que alterará o tom em torno do jogo é a guerra cultural em andamento que o cerca. Isso decorre do fato de Yasuke (uma figura histórica real) ser o protagonista do jogo. Mais precisamente, decorre do fato de Yasuke ser um homem negro. Essas críticas variam de argumentos de que interpretar um personagem que não é japonês em um ambiente japonês é desrespeitoso (algo que muitos jogos fizeram antes), à simples raiva por serem forçados a jogar como uma pessoa negra. A Ubisoft evitou chamar essa crítica de “racista”, embora tenha defendido a decisão do jogo de se concentrar em Yasuke.
Quando críticos do jogo estão editando a capa para incluir George Floyd ou para substituir Yasuke por um homem branco (e Naoe pela Eve de Stellar Blade, uma androide coreana futurista), não parece que a precisão histórica ou o respeito cultural sejam a principal motivação.
O quão tendenciosa ou legítima essa crítica ao jogo pode ser é amplamente irrelevante. O fato é que ela existe e dominou a conversa sobre o jogo por um ano. O velho ditado de que a prova está no pudim é verdadeiro – embora poucos jogos tenham sido alvos como Shadows, outros jogos como Space Marine 2, Monster Hunter Wilds e Baldur’s Gate 3, que outrora foram rotulados como “woke”, tiveram esse rótulo removido retroativamente quando os jogos foram lançados com grande sucesso.
Assassin’s Creed Shadows está envolvido demais para esse tipo de reviravolta, e, portanto, tem a tarefa de provar os críticos errados. Esses críticos podem não estar agindo de boa-fé, mas estão agindo alto. Se Shadows for apenas mais um Assassin’s Creed, bom o suficiente para seguir os padrões, mas não particularmente inspirador, provavelmente será prejudicado a todo momento por pessoas que desejam que o jogo fracasse.
Isso deixa Shadows com muito trabalho a fazer. Não é justo, mas é preciso. Tudo o que vi de Shadows faz parecer apenas mais um jogo Assassin’s Creed, e se fosse qualquer outro jogo Assassin’s Creed, isso seria suficiente. Para Shadows, pode não ser. Teremos que esperar para ver.
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Fonte: The Gamer
