Você já imaginou um futuro onde o governo controla completamente suas transações financeiras? Parece ficção científica, mas a crescente adoção de Moedas Digitais de Banco Central (CBDCs) está aproximando essa realidade. E um dos nomes mais importantes do Bitcoin, Adam Back, está preocupado – e ele não está sozinho.
Neste post, vamos explorar as preocupações de Adam Back sobre as CBDCs e como elas se contrapõem aos princípios fundamentais do Bitcoin: privacidade, descentralização e soberania individual. Vamos mergulhar em suas declarações recentes e analisar o trabalho da Blockstream em criar alternativas ao sistema financeiro tradicional.
As CBDCs e a ameaça à privacidade
Desde o início, o Bitcoin foi concebido como uma resposta à censura financeira e à instabilidade sistêmica. A ideia de um sistema monetário descentralizado, livre da interferência governamental, era central para seus criadores. As CBDCs, por outro lado, representam um cenário oposto, onde o controle das transações reside nas mãos dos bancos centrais, potencialmente abrindo portas para um aumento da vigilância financeira e da interferência estatal.
Para Adam Back, as CBDCs não surgiram como uma evolução natural da moeda, mas sim como uma reação dos reguladores à ameaça representada pelas criptomoedas privadas. A iniciativa Libra do Facebook, por exemplo, foi um marco que preocupou os bancos centrais, demonstrando a possibilidade de uma moeda digital privada com milhões de usuários.
Em sua visão, criar uma CBDC popular é praticamente impossível, devido à natureza intrinsecamente controladora das instituições que as gerenciam. A falta de privacidade e a concentração de poder são pontos cruciais de suas críticas.
A Blockstream e a construção de um sistema alternativo
Adam Back não se limita a criticar as CBDCs. Ele está ativamente envolvido na construção de um sistema financeiro alternativo baseado no Bitcoin. A Blockstream, empresa fundada por ele, vem desenvolvendo diversas iniciativas nesse sentido, como a carteira de hardware Jade Plus, focada em privacidade e segurança, e a plataforma Greenlight para pagamentos via Lightning Network.
Além disso, a Blockstream tem expandido a infraestrutura financeira do Bitcoin com fundos de investimento regulamentados, oferecendo produtos financeiros baseados em Bitcoin para investidores de alto patrimônio líquido. A empresa também está aprimorando soluções de escalabilidade de segunda camada por meio da Liquid Network.
Todas essas iniciativas reforçam a visão de um sistema financeiro baseado em Bitcoin, independente de bancos tradicionais e autoridades centralizadas, o que está totalmente alinhado com a sua visão crítica às CBDCs.
A questão da concentração de Bitcoin
Uma questão pertinente a se levantar é o risco de concentração do Bitcoin em mãos de governos e grandes instituições, contrariando o princípio de auto-custódia, pilar central da filosofia do Bitcoin. A crescente adoção de ETFs (fundos de investimento negociados em bolsa) e discussões sobre uma reserva estratégica de Bitcoin no governo dos EUA levantam temores.
Adam Back, entretanto, permanece otimista. Ele acredita que, embora os ETFs e fundos institucionais facilitem o acesso ao Bitcoin, a maior parte da criptomoeda ainda permanece sob posse individual. Para ele, a maior parte das pessoas irão migrar para auto-custódia, num movimento que reforça a descentralização do Bitcoin e cria resistência à centralização, característica que contrasta diretamente com as CBDCs.
A influência do World Economic Forum (WEF)
Back aponta o WEF como um ator importante na promoção de CBDCs e outros mecanismos de controle centralizado. Ele critica a organização por apresentar ideias que, por vezes soam “horrendas” e depois são apagadas após gerar reações negativas, indicando uma falta de transparência e comprometimento com a liberdade individual.
Ele compara essa postura com a busca de tecnologias de vigilância financeira e a influência de sistemas de crédito social como o da China, enfatizando o caráter anti-democrático de tais iniciativas.
O futuro das CBDCs e a resistência ao controle
Atualmente, um número considerável de países estão em fase de testes de CBDCs. Embora alguns alegue preservação de privacidade, Adam Back enxerga essas iniciativas como disfarçadas tentativas de manter o poder centralizado sobre o dinheiro. A recente manifestação do ex-presidente Trump contra o desenvolvimento de CBDCs nos Estados Unidos sinaliza uma mudança de postura em relação a estas moedas, com a oposição política ganhando força.
Para Back, a batalha entre Bitcoin e CBDCs é, na essência, uma luta pela liberdade financeira e pela soberania individual. A Blockstream se posiciona como uma força contra a centralização, investindo em tecnologias que promovem a autonomia dos indivíduos na gestão de seus recursos financeiros. Essa postura reflete o legado do movimento cypherpunk, colocando o controle da própria vida financeira nas mãos dos usuários.
Em resumo, as preocupações de Adam Back sobre as CBDCs são profundas e refletem um cenário preocupante. Sua atuação na Blockstream mostra o compromisso de construir um sistema financeiro descentralizado e resistente à censura. A luta pela liberdade financeira, portanto, está longe de acabar.
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Fonte: CoinDesk