Você já se sentiu frustrado com o funcionamento de plataformas online? Parece que tudo está piorando, não é? A palavra “enshittification”, cunhada para descrever esse declínio da internet, ecoa a sensação de muitos usuários. Vamos explorar alguns dos piores exemplos dessa deterioração.
Smart TVs: Mais Inteligentes, Menos Privativas?
As Smart TVs evoluíram bastante, mas nem sempre para melhor. Hoje, elas funcionam como painéis digitais, coletando dados dos usuários para empresas de publicidade e fabricantes. Remotes com foco em apps da própria marca e pouca atenção à usabilidade básica ilustram essa priorização da coleta de dados sobre a experiência do consumidor. A oferta de TVs de baixo custo, vendidas até mesmo com prejuízo, reforça a estratégia de monetização por meio de software, rastreamento e propaganda.
A facilidade com que as TVs “inteligentes” coletam dados pessoais torna a compra de uma TV “burra” uma opção cada vez mais atraente. A busca por privacidade está se sobrepondo a recursos adicionais, e encontrar uma TV que não espione o usuário se tornou uma tarefa difícil.
Assistente Google: De Útil a Irritante
O Google Assistente, inicialmente promissor, tem apresentado uma degradação gradual. Usuários relatam problemas crescentes, como comandos que deixam de funcionar e respostas inadequadas. A sensação é de um serviço em declínio, apesar dos esforços da Google em direcionar seus investimentos para a Inteligência Artificial.
A pergunta que fica é: por que funcionalidades básicas, como iniciar rotinas matinais ou configurar alarmes, estão comprometidas? A impressão é de que a Google está sacrificando a experiência do usuário em prol de outras metas, deixando muitos frustrados e buscando alternativas.
PDF: Do Formato Útil à Inutilidade Crescente
O PDF, um formato de arquivo outrora útil para compartilhamento de documentos, sofre com a “enshittification”. O software Adobe Acrobat, associado ao formato PDF, se tornou caro, lento e cheio de problemas de segurança, além de instalar outros programas indesejados. Embora a Apple tenha integrado o suporte a PDFs em seu sistema operacional, o formato ainda apresenta grandes problemas.
A dificuldade de copiar e colar texto de PDFs, especialmente aqueles de artigos acadêmicos, ilustra a deterioração do formato. A solução mais eficaz, paradoxalmente, tornou-se fazer uma captura de tela e usar o OCR para extrair o texto, demonstrando que uma simples imagem JPEG poderia ser mais eficiente.
Esportes na TV: O Preço da Conveniência
O acesso a esportes, principalmente os menos populares, melhorou com a internet. Mas a consolidação de serviços de streaming trouxe inconvenientes. Plataformas como GCN+, que ofereciam acesso amplo a competições de ciclismo, foram descontinuadas, forçando os assinantes a assinar múltiplas plataformas a preços abusivos.
Este cenário não é exclusivo do ciclismo; Fórmula 1 e outros esportes têm seguido o mesmo caminho, impondo barreiras financeiras ao acesso e reduzindo a audiência. A priorização do lucro se sobrepõe à experiência do espectador.
Busca Google: IA como Obstáculo
O Google, gigante da busca, também sofre com a “enshittification”. A inserção de respostas geradas por IA, frequentemente imprecisas e confusas, prejudica a experiência do usuário. Buscar documentos oficiais, por exemplo, torna-se uma tarefa árdua devido à priorização de resumos de IA, frequentemente errados, que ocultam as informações relevantes.
Embora algumas funcionalidades de IA possam ser úteis, sua priorização sobre resultados de busca tradicionais levanta preocupações sobre a confiabilidade da informação e a manipulação do usuário.
Ferramentas de IA no E-mail: A Intromissão Indesejada
A contínua insistência de serviços de e-mail em integrar ferramentas de IA, sem a opção de recusa definitiva, ilustra outro exemplo de “enshittification”. Apesar dos avisos sobre a falta de confiabilidade da informação gerada por IA, a opção de desativar completamente essas ferramentas é dificultada.
A falta de transparência e o controle limitado sobre recursos indesejados refletem a imposição corporativa sobre a experiência do usuário.
Windows: Um Sistema Operacional Sobrecarregado
O Windows 11, apesar de algumas melhorias, carrega problemas comuns das versões anteriores: atualizações problemáticas, imposição de contas Microsoft e a inclusão de aplicativos indesejados. A constante adição de recursos de IA, muitas vezes vinculados a hardwares de alto custo, aumenta a frustação dos usuários.
A insistência da Microsoft em impulsionar o Windows 11, mesmo com problemas persistentes, demonstra a priorização de metas comerciais em detrimento da experiência do usuário.
Discurso Online: A Homogeneização Forçada
A rapidez e a viralização das redes sociais acentuam a repetição de ideias, memes e até mesmo palavras. A busca incessante por viralizar informações acaba gerando uma homogeneização forçada, onde tudo se torna indistinguível e a originalidade se perde.
Essa repetição excessiva se traduz em um cansaço generalizado do usuário, contribuindo para a degradação da experiência online.
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Fonte: Ars Technica