O CEO do Google, Sundar Pichai, prestou depoimento em um julgamento antitruste. Ele descreveu as demandas do Departamento de Justiça dos EUA como um “desmembramento de fato” da busca do Google. A situação é tensa, e o futuro da gigante da tecnologia pende de uma decisão judicial.
Um Desmembramento de Fato?
Pichai contestou a proposta do DOJ de obrigar o Google a licenciar sua tecnologia de busca para outras empresas. O DOJ argumenta que o monopólio do Google resultou em um acúmulo enorme de dados. Sua tecnologia de busca também é superior à da concorrência.
Para o DOJ, licenciar esses dados reequilibraria o mercado. O Google, por sua vez, chama isso de “rotulagem branca” da sua busca.
Pichai foi mais incisivo, chamando a proposta de “tão ampla, tão extraordinária” que remodelaria o Google e causaria consequências imprevistas. Para ele, forçar o licenciamento desses dados a um preço simbólico seria uma “desinvestidura de fato da busca”.
Compartilhar o índice de busca permitiria que outras empresas melhorassem seus produtos. Contudo, Pichai argumenta que elas poderiam essencialmente copiar o que torna a plataforma do Google especial. Isso afetaria a inovação da empresa.
Ele sugere que as medidas propostas poderiam tornar “inviável” investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Uma Imagem de Google “Inofensivo”
A defesa do Google tenta mostrar que a empresa nem sempre vence e que às vezes abre mão de lucros para fazer o que considera correto. Pichai destacou a importância do Chrome e do Chromium para os padrões abertos da web.
A empresa argumenta que transferir o Chrome para outra empresa poderia causar problemas de segurança e levar ao fechamento do código-fonte do Chromium.
O fracasso do Google+ foi mencionado como prova de que o Google não é um monopolista implacável. Apesar de seu domínio em busca e navegadores, a rede social da empresa não obteve sucesso. Após um problema de privacidade em 2018, o Google encerrou o serviço.
O DOJ também mencionou o Google Buzz, que teve problemas de privacidade ao ser integrado ao Gmail. Embora isso não demonstre agressividade monopolística, mostra falhas passadas do Google em relação à privacidade do usuário.
Pichai também mencionou a parceria com a Apple para integrar a IA Gemini ao iPhone. Este acordo poderia ser finalizado em meados do ano. Usuários de iPhone teriam acesso ao Gemini na Apple Intelligence até o final de 2025.
Ao contrário da maioria das empresas de Big Tech, a Apple não criou seu próprio modelo de IA de grande porte. A parceria com o Google não a vincularia exclusivamente à tecnologia da empresa.
Um Verão Agridoce para o Google
Apesar de ter perdido três processos antitruste, o Google ainda se encontra em boa situação financeira. Os resultados financeiros recentes mostraram um crescimento impressionante. No primeiro trimestre deste ano, a receita foi de US$ 90,23 bilhões, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. O lucro líquido atingiu US$ 34,54 bilhões, quase 46% superior ao do primeiro trimestre de 2024.
O restante do verão provavelmente será bom para o Google. Espera-se que o negócio continue crescendo com investimentos em IA generativa, e o lançamento acelerado do Android com duas atualizações em 2025.
Porém, o final da temporada pode trazer mudanças. Espera-se uma decisão sobre as medidas antitruste em agosto. Embora o juiz tenha se mostrado cético sobre algumas propostas do DOJ, o Google já perdeu a fase de responsabilidade do caso. Haverá penalidades. O Google já disse que recorrerá, mas terá que esperar o fim da fase de medidas. O outono pode ser desafiador.
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Fonte: Ars Technica