A segunda temporada de The Last of Us da HBO chegou, trazendo consigo novas discussões e interpretações! Enquanto alguns celebram a fidelidade à obra original, outros questionam certas mudanças. E é sobre uma dessas mudanças, bastante sutil, que quero conversar com vocês hoje: a imaturidade aparente de Ellie e Dina.
Muitos elogiam a série por suas adaptações, mas a representação das personagens femininas principais, Ellie e Dina, me deixou um pouco pensativo. Será que essa abordagem mais “juvenil” é uma boa escolha para a narrativa?
Spoilers para The Last of Us Parte 2 e o primeiro episódio da segunda temporada de The Last of Us da HBO a seguir!
Ellie e Dina: Uma Imaturidade Perceptível
Bella Ramsey (Ellie) e Isabela Merced (Dina) são atrizes talentosas, mas suas estaturas (ambas abaixo de 1,60m) podem contribuir para uma percepção de imaturidade. Ramsey, em particular, interpreta uma Ellie mais raivosa, rebelde, que se assemelha a uma adolescente problemática do que a uma jovem adulta lutando com seus traumas.
A série mostra Ellie menos proativa que no jogo. Em um exemplo específico, no jogo, Ellie sugere assistir a um filme, enquanto na série ela evita esse assunto numa discussão com Dina. A relação de Ellie com Joel também é retratada de forma diferente, com Ellie parecendo mais uma adolescente teimosa e irritada, ao invés de uma jovem mulher que busca seu lugar no mundo.
Essa imaturidade também se reflete na dinâmica entre Ellie e Dina. No jogo, elas patrulham juntas, demonstram independência. Na série, elas fazem parte de um grupo maior, são vistas fofocando e desobedecendo às ordens, agindo de forma mais infantil do que seria esperado para personagens em suas circunstâncias.
Em uma cena posterior, elas se apresentam a um conselho, demonstrando uma postura corporal de crianças levadas para a diretoria. A forma como são representadas contrasta com a imagem que temos delas nos jogos, personagens capazes e responsáveis.
O Impacto da Imaturidade na Narrativa
Eu entendo que existam razões para isso. A série possui diversas liberdades criativas, e é uma adaptação, não uma cópia fiel do jogo. Talvez essa imaturidade inicial sirva para intensificar a jornada de Ellie e Dina, mostrando temas como perda da inocência e o precoce amadurecimento imposto pela violência.
Vemos essa temática nos jogos, mas agora com uma ênfase maior na série. Joel se esforça para proteger Ellie a todo custo. Jesse evita que ela se machuque durante o treinamento. Tommy a repreende por ir ao supermercado, mostrando um tratamento diferencial provavelmente devido à sua juventude e vulnerabilidade feminina, num contexto de mundo pós-apocalíptico.
Essa é uma nova camada narrativa que, embora possa ser interessante, também apresenta riscos. Uma Ellie mais egoísta e impulsiva pode mudar a percepção da sua busca por vingança, alterando a mensagem principal da história. O sucesso dessa abordagem só será avaliado com o desenrolar da temporada.
Em resumo, enquanto essa mudança na caracterização de Ellie e Dina pode funcionar, ainda há incertezas. Será que essa imaturidade acrescenta ou prejudica a narrativa de The Last of Us? Só o tempo dirá.
