Já se perguntou se você se identifica com um personagem de videogame? Eu me peguei fazendo exatamente essa pergunta depois de jogar Final Fantasy 7 Remake. A conexão que estabeleci com Cloud Strife foi inesperada e, para ser honesto, um pouco perturbador.
Recentemente, fui avaliado para transtornos do neurodesenvolvimento, e descobri que tenho tendências autistas. Essa descoberta me fez olhar para Cloud de um jeito totalmente novo. Não estou falando sobre suas memórias bloqueadas – isso é história para outro post – mas sim sobre a forma como ele lida com as emoções sociais.
Durante toda a minha vida, lutei para expressar minhas emoções ou seguir as normas sociais básicas. A ironia é que, na maioria das vezes, eu sei exatamente o que deveria fazer em uma situação social e, mesmo assim, não consigo. Não há nada de “misterioso” ou “legal” nisso; é simplesmente frustrante, uma luta constante para me encaixar.
Estou trabalhando para melhorar minha expressão, e isso é algo que farei pelo resto da minha vida. Mas uma das coisas que percebi na jornada de Cloud é que, quando você se cerca de pessoas que realmente se importam, que querem o seu bem e têm muita paciência e compreensão – algo que não se pode esperar de todos – esse trabalho se torna muito mais fácil. Não é para eles carregarem o peso, ainda é um trabalho seu, mas alivia parte da pressão que você coloca em si mesmo.
Final Fantasy 7: Uma Retrospectiva, Certo?
O engraçado (se essa é a palavra certa) é que, quando comecei a jogar Final Fantasy 7 Remake, achei que odiaria Cloud. Ele parecia frio, distante, superior a todos e egoísta. Mas, com o tempo, ao vivenciar suas vulnerabilidades e motivações, comecei a ver em Cloud as mesmas dificuldades que eu tenho com a expressão.
Será que as pessoas me veem como alguém distante, que se acha melhor que os outros e é egoísta? Sei que isso foi verdade no passado, e agora faz muito mais sentido. Onde você pode achar Cloud insensível, estoico e impassível, ele não é. Ele é… como eu. Essa constatação foi um dos momentos mais surpreendentes que já vivi em um jogo.
Há Mais Humanidade em Cloud do Que Eu Imaginava
É difícil descrever meus sentimentos sobre o personagem. Passei 150 horas jogando como Cloud, e há muitos momentos em que realmente senti sua evolução. Não nas grandes batalhas, em sua bravura heroica ou nos momentos em que enfrenta o mundo, mas sim nos momentos em que ele demonstra afeto, sorri ou luta para dizer o que pensa. Especialmente essa última parte.
Quando Cloud não entendeu Aerith sinalizando um high five? Me identifiquei. Quando ele não consegue receber um elogio e dá uma resposta seca e sem relação? Eu também, Cloud, eu também. Quando Cloud não diz nada para Marlene e ela sai correndo, fazendo Barrett ficar bravo com ele por assustá-la? Olha, Barrett, eu não sou bom com crianças, mesmo nas melhores circunstâncias, muito menos quando elas tem habilidades sociais mais desenvolvidas que as minhas.
Neste momento, ainda estou processando tudo isso. De qualquer forma, Final Fantasy 7 se tornou especial para mim. Era um jogo que eu queria jogar há anos porque é um clássico, mas me conectei com ele e seu protagonista eco-terrorista mais do que eu jamais imaginaria.
Em resumo, minha jornada com Cloud em Final Fantasy 7 Remake foi uma experiência pessoal inesperada. Identifiquei-me com suas dificuldades de expressão social, o que me ajudou a refletir sobre minhas próprias lutas. O jogo se tornou mais do que apenas diversão; foi uma oportunidade de autoconhecimento.
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