Você já se perguntou como a Microsoft planeja lucrar com a inteligência artificial generativa (IA generativa)? A resposta pode te surpreender. Prepare-se para descobrir uma estratégia que, para alguns, beira a controversa.
A Microsoft investiu bilhões em IA generativa, tornando-se uma das empresas mais valiosas do mundo. Mas, em algum momento, esses investimentos precisam gerar retorno financeiro. Afinal, quanto tempo se passou desde o lançamento do ChatGPT e do Copilot? O momento da verdade chegou, mas a estratégia da empresa tem gerado debates.
O que acontece quando você constrói uma suíte de Copilots que as pessoas não querem pagar?
Empresas que usam o Microsoft 365 hesitam em pagar US$ 30 extras por usuário mensalmente pelo Copilot, além do valor já pago pelo pacote básico. Esse adicional pode dobrar o custo total, algo que muitas organizações consideram inviável sem um retorno claro sobre o investimento.
Um estudo da Morgan Stanley revelou, por exemplo, o caso de um CIO da área farmacêutica que cancelou o uso do Microsoft 365 Copilot após seis meses. Ele considerou as apresentações geradas pelo Copilot no PowerPoint como “apresentações de nível ensino fundamental”, as funções do Word “marginalmente úteis” e a ferramenta pouco eficaz no Excel. Para ele, o preço dobrado sem valor percebido era inaceitável.
A Microsoft tem se esforçado para melhorar o Copilot e mostrar seu valor. Mas, ao mesmo tempo, a empresa está adotando estratégias que afetam negativamente a experiência do usuário. Entenda como isso está acontecendo.
Desativando recursos úteis do Microsoft 365 para impulsionar a compra do Copilot
A Microsoft descontinuou silenciosamente recursos valiosos nos aplicativos do Microsoft 365. O recurso “Pesquisador” do Word, que realiza buscas em periódicos científicos e acadêmicos, e o “Pesquisa Inteligente”, que permite buscas online diretamente dentro do Word, PowerPoint e Excel, foram desativados. A justificativa oficial? O Copilot possui funcionalidades duplicadas e eles se tornaram desnecessários.
Mas essa afirmação não é totalmente verdadeira. Para clientes empresariais e educacionais, contar com o Copilot para obter funcionalidades de pesquisa implica em pagar US$ 30 a mais por usuário por mês, custando mais caro do que as soluções anteriores que já estavam incluídas no pacote básico. Além disso, o Copilot é inferior ao “Pesquisador” e à “Pesquisa Inteligente” em diversos aspectos. Ele não se limita a fontes confiáveis e revisadas, gerando resultados com informações imprecisas e propício à geração de “alucinações”.
Em resumo, a desativação de recursos úteis do pacote Microsoft 365 forçou os usuários a pagar a mais por um recurso inferior e menos confiável.
Forçando a compra do Copilot na aquisição do Microsoft 365
A Microsoft adotou uma abordagem ainda mais direta: incluiu o Copilot na versão para consumidores do Microsoft 365 e aumentou o preço em US$ 3 por mês ou US$ 30 por ano. Foi o primeiro aumento de preço na linha de consumo desde o lançamento das versões por assinatura do Office, há 12 anos. A inclusão do Copilot não foi transparente aos usuários, sendo apresentada sem mencionar o acréscimo de custos.
Essa mudança gerará receita considerável para a empresa. Com 84,4 milhões de assinantes da versão para consumidores do Microsoft 365 no terceiro trimestre de 2024, estima-se um aumento de mais de US$ 2,5 bilhões em receita anual. A Microsoft ainda não fez o mesmo com a versão empresarial, mas essa possibilidade não está descartada.
Conclusão
Embora essa estratégia possa gerar um aumento de receita a curto prazo, ela pode ser prejudicial a longo prazo. Remover recursos úteis para forçar a compra de um produto inferior e cobrar a mais por um serviço que muitos não desejam pode afetar negativamente a percepção dos clientes e sua fidelidade à marca. Seria mais vantajoso investir na criação de uma ferramenta de IA generativa de alta qualidade e entregar real valor para o consumidor, motivando-o a pagar por esse diferencial.
Compartilhe suas experiências com o Copilot! O que você acha dessa estratégia da Microsoft?
Fonte: Computerworld