A indústria de games perde um pedaço da sua história a cada estúdio que fecha as portas. Décadas de trabalho árduo e expertise jogadas fora por decisões empresariais equivocadas. Isso se tornou comum, com desenvolvedoras com anos de experiência fechando após um único fracasso. Mas a história da Monolith Productions é particularmente lamentável.
Por quase uma década, a Monolith Productions foi vítima dessa disfunção executiva. Recentemente, o estúdio fechou após mais de três décadas de operação e anos de trabalho em um projeto da Mulher Maravilha, que também foi cancelado. Sua derrocada ocorreu junto com a Player First Games (de MultiVersus) e a Warner Bros. Games San Diego. Uma triste realidade causada por erros que poderiam ter sido evitados com um pouco de visão.
Monolith Produziu um Número Incrível de Ótimos Jogos
O fim da Monolith não é apenas motivo de luto, mas também uma oportunidade de relembrar seu legado e sua capacidade de inovar no gênero de tiro em primeira pessoa, criando alguns dos melhores jogos já feitos. A empresa se reinventou diversas vezes antes de ser derrubada por interesses corporativos.
Fundada em 1994, a Monolith começou com jogos de tiro em primeira pessoa para MS DOS e Windows, como Blood e Shogo: Mobile Armor Division, além de outros gêneros como estratégia e masmorras. No final da década de 1990, a Monolith estava buscando seu lugar, lançando títulos suficientes para se manter em uma indústria ainda aberta à experimentação. Então, em 2001, lançou seu maior sucesso até então: Alien Vs Predator 2.
Tenho boas lembranças de jogar essa joia no PC do meu pai. Fiquei impressionado com as três campanhas distintas, permitindo jogar como Colonial Marines, Xenomorfos e Predadores. Cada um com seu estilo de movimento e mecânica de jogo únicas para a época. Foi ousado, inesperado e diferente de tudo que existia.
Esse grande sucesso abriu caminho para jogos como Tron 2.0, The Matrix Online, e a criação de grandes franquias como Condemned e FEAR.
Infelizmente, o site oficial da Monolith Productions foi tirado do ar após o fechamento do estúdio. Uma pena, pois era uma cápsula do tempo completa de todos os seus jogos. Agora, redireciona para a página da Warner Bros.
Condemned e FEAR Impulsionaram o Gênero de Tiro
Condemned: Criminal Origins, apesar de seu tema possivelmente controverso hoje, é um jogo brilhante. Este título de lançamento para Xbox 360 coloca você na pele de Ethan Thomas, um detetive acusado de um crime que não cometeu, em busca de um infame serial killer. Era um thriller psicológico que buscava mudar a ideia de um jogo de tiro em primeira pessoa, com foco em horror subversivo, combate corpo a corpo e exploração de ambientes escuros.
É incrível que, após Condemned, a Monolith também nos deu FEAR em 2005. First Encounter Assault Recon era outro jogo de tiro com foco em sustos, onde você controlava um membro de uma equipe caçando uma menina assombrada capaz de destruir o mundo. A mecânica de bullet time, permitindo movimentos rápidos e eliminação de inimigos, o tornou muito divertido. Foi um sucesso, gerando duas sequências e um culto de fãs que persiste até hoje.
Também houve uma sequência para Condemned, Bloodshot (2008), mas este se inclinou demais para o horror sobrenatural, além de um final com um “cliffhanger” decepcionante.
A Monolith explorou a franquia FEAR até os pouco populares Gotham City Imposters e Guardians of Middle-Earth, jogos multijogador que lutaram para atrair público. Esses fracassos deixaram de importar com o lançamento de Middle-Earth: Shadow of Mordor em 2014. Ignorando a fidelidade à obra de Tolkien, usou a Terra-Média como cenário para uma aventura em mundo aberto focada na exploração de Mordor e assassinato de Orcs.
O sistema Nemesis, que fazia os personagens lembrarem batalhas passadas, tornando os inimigos épicos e persistentes em diferentes jogadas, foi crucial para o sucesso. Incrível, certo? Este sistema retornaria na sequência, três anos depois, apenas para ser patenteado e arquivado pela Warner Bros.
Após quatro anos de silêncio, a Monolith anunciou um título da Mulher Maravilha em 2021, e o resto é história.
Monolith Mereceu Mais do Que um Jogo Cancelado e um Fim Prematuro
É uma pena o fim da Monolith. Imagino que tudo começou com uma ideia de live-service mal-aconselhada, como Suicide Squad: Kill The Justice League. Quando o projeto começou a ruir, a Warner Bros e a Monolith tentaram mudar de rumo, mas era tarde demais.
É uma lição devastadora sobre os riscos de seguir tendências e depender de licenças. Estúdios grandes deveriam ter recursos e confiança para criar jogos ótimos, mas isso se provou impossível repetidas vezes.
A Monolith passou décadas criando jogos clássicos que elevaram o meio a novos patamares, e agora só resta o legado de um estúdio fechado e trabalho de seus profissionais que merecem muito mais.
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