Você já se sentiu pressionada(o) pelos padrões de beleza impostos pela sociedade? Em “Lost Records: Bloom & Rage”, um detalhe aparentemente insignificante me fez refletir profundamente sobre minha própria luta contra a cultura da dieta e a pressão estética da década de 90.
Em um jogo cheio de mistérios e emoções, um pequeno pedaço de papel amassado no chão revelou uma história muito maior. Uma história sobre inseguranças, autocrítica e a complexa relação entre mãe e filha. Prepare-se para mergulhar nessa jornada.
“Era burrice tentar…”
A protagonista, Swann Holloway, de 16 anos, procura uma fita VHS. Encontra a caixa, mas a fita sumiu. No meio de objetos dos anos 90, um papel amassado chama a atenção. Era um panfleto para as seletivas da equipe de natação sincronizada da escola. A única anotação de Swann: “Era burrice tentar…”.
Essa frase simples, carregada de autodepreciação, resume um arco narrativo inteiro. A imagem do papel amassado ilustra a frustração, a dúvida e a autocrítica da jovem.
A influência materna e a cultura da dieta nos anos 90
Swann demonstra insegurança com o próprio corpo, sentimento reforçado, sem querer, pela mãe. Em uma conversa telefônica, a mãe pressiona Swann para uma visita de Natal, mas não demonstra nenhum esforço para vê-la. Swann, ao fim, exclama: “Isso foi exaustivo”.
Sua mãe também lhe presenteia com uma balança, um gesto que sugere a preocupação com o peso de Swann. Mesmo com alguns momentos positivos na relação, a pressão da mãe é evidente e reflete os padrões restritivos para o corpo feminino na época.
A narrativa de Swann ressoa com minhas próprias experiências. A ambientação nos anos 90 me trouxe nostalgia, mas as inseguranças de Swann me lembram da minha adolescência. Meu peso flutuou, eu me sentia gorda ou magra dependendo da fase, e esses sentimentos eram constantemente reforçados pela mídia e sociedade.
A imersão na cultura da dieta
Olhando para fotos antigas, percebo que, mesmo magra, me sentia gorda. As pressões eram constantes, dos livros de dieta em casa, aos anúncios de programas de emagrecimento na TV, às imagens irreais em filmes e televisão. É impossível não ser influenciada por isso, e a falta de adequação a esses padrões gera sentimentos de inadequação.
Assim como Swann, acredito que muitos jovens, e até adultos, lutam contra essas mesmas correntes. A cultura vigente, muitas vezes sutil, molda nossa percepção sobre nós mesmos.
Usando uma frase de David Foster Wallace, a cultura ao nosso redor é algo tão corriqueiro quanto a água para os peixes. Ela apenas existe. E ao encarar a trajetória de Swann, vejo alguém lutando em meio às mesmas correntes que definiram minha própria jornada. Pode ser difícil, mas não é burrice tentar. É o único caminho.
Compartilhe suas experiências com a cultura da dieta!