Você já se perguntou o que acontece por trás da criação de um sistema operacional? A história do Asahi Linux, uma distribuição Linux para computadores Apple com chip M1, é fascinante e repleta de desafios, como a recente renúncia de seu líder, Hector Martin. Vamos mergulhar nessa jornada!
O Sonho e a Realidade
Hector Martin, um veterano em projetos de hardware hacking (inclusive conhecido por seu trabalho com o console Wii), teve a ideia de trazer o Linux para os novos chips da Apple. Com o apoio da comunidade, o projeto Asahi Linux decolou, criando um sistema operacional “do zero”, sem ajuda oficial da Apple.
Os primeiros dois anos foram de avanços incríveis, com o código sendo integrado à base do Linux (Upstreaming). Mas o sucesso trouxe novos problemas. À medida que o Asahi Linux avançava, as demandas dos usuários aumentavam.
A pressão por recursos como suporte a Thunderbolt, monitores USB-C e até mesmo a verificação de temperatura da CPU crescia. Ironicamente, o aumento das conquistas parecia diminuir a paciência e o apoio de alguns.
A Guerra do Rust
Outro grande desafio foi a integração da linguagem de programação Rust no kernel do Linux. O Rust é mais seguro que o C, linguagem tradicional do Linux, ideal para drivers de hardware modernos e complexos. No entanto, a transição não foi fácil.
A resistência de alguns desenvolvedores do kernel, acostumados com C, criou atritos. Discussões acaloradas em listas de discussão e nas redes sociais acabaram comprometendo o clima do projeto.
Uma discussão específica sobre um patch (correção de código) para acesso à API DMA (Direct Memory Access) expôs as tensões. A oposição à inclusão de código Rust gerou debates intensos, com acusações de “grandstanding” (busca por atenção) e até comparações polêmicas com “câncer”.
Linus Torvalds e o Futuro do Rust no Kernel
Linus Torvalds, criador do Linux, se envolveu na discussão, sugerindo que o uso de redes sociais para resolver problemas de desenvolvimento não era o caminho ideal. Ele enfatizou que, apesar dos desafios, o processo atual de desenvolvimento do kernel funciona, embora necessite melhorias.
A pressão, o desgaste, os problemas pessoais e o harassment levaram Hector Martin a renunciar ao cargo de líder do Asahi Linux, mesmo ainda acreditando na importância do projeto.
Despedida e um Novo Começo
A decisão de Hector Martin foi difícil, mas necessária. Manter um fork (uma versão separada do código-fonte) para o Asahi Linux seria insustentável a longo prazo. Ele ainda pretende contribuir para o projeto no futuro, mas em outra função.
A história do Asahi Linux nos mostra os desafios complexos do desenvolvimento de software colaborativo, a importância da comunicação e a necessidade de lidar com as frustrações do desenvolvimento de código aberto num ambiente online.
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Fonte: Ars Technica